quinta-feira, 7 de outubro de 2010

AURORA



Quando o amor é um estado de consciência, tudo se transforma.
A treva da ausência se torna presença!
A solidão escura e fria se torna alvorada.
E os olhos ganham o brilho do amanhecer.
O espaço se abre na luz de um novo despertar.
Então, o coração toca suavemente o Multiverso.
Sem sair do lugar, ele beija o infinito.
(A magia do amor transformou sua dor em luz).
O tempo dança à sua frente, como por encanto.
(As dores de outrora se foram; ficou o amor).
Do fundo do abismo brotou a luz!
E o que era apego e prisão, tornou-se estrela.
Quem ama mesmo, não arrasta correntes.
Pois a luz do amanhecer, no brilho do olhar, nada pesa.
E o nascer do sol não faz barulho algum!
A luz é presente do amor. É graça. É vôo sutil.
Quem se permite perder a graça, embaça a visão.
Quando o coração não reconhece o presente, perde as asas.
Quem dá abrigo à treva, perde o amanhecer nos olhos.
Quem carrega correntes, perde o vôo sutil.
Cada dia é um presente, que só se sente vivendo...
Quem ama, compreende e reconhece o presente.
E vive contente, para voar melhor, com graça.
Seu coração sabe que a luz não pesa nada.
Na aurora do despertar da consciência, tudo é PRESENÇA!*
A magia do amor é pura alquimia interior: transmuta a velha dor em luz renovada.
E o milagre acontece: a solidão escura e fria se torna alvorada!


PS.: O poeta celta cantou:
 

“Na luz eu me curei.
Na luz eu dancei e cantei.
Na luz eu reconheci o presente.
Na luz eu morri e renasci.
Na luz eu limpei o olhar.
Na luz eu vim; nela eu estou; nela eu vou...
Na luz, na luz, na luz... do amor!”

(Quem compreende, em seu coração a compreende...)

Nota:
* Quando os antigos iniciados celtas admiravam os momentos mágicos do alvorecer e do crepúsculo, costumavam dizer: “Isso é um assombro!”. E assim era para todas as coisas consideradas como manifestações grandiosas da Natureza e do ser humano.
Ver o brilho dos olhos da pessoa amada, a beleza plácida da lua, a alegria do sorriso do filho, ou o desabrochar de uma flor eram eventos maravilhosos.
Então, eles ousavam escutar os espíritos das brumas, que lhes ensinaram a valorizar o Dom da vida e a perceber a pulsação de uma PRESENÇA em tudo.
A partir daí, eles passaram a referir-se ao TODO QUE ESTÁ EM TUDO como a PRESENÇA que anima a Natureza e os seres.
Se a luz da vida era um assombro de grandiosidade, maior ainda era a maravilha da PRESENÇA que gerava essa grandiosidade.
Perceber essa PRESENÇA em tudo era um assombro! E saber que o sol, a lua, o ser amado, os filhos, as flores e a Natureza eram expressões maravilhosas dessa totalidade, levava os iniciados daquele contexto antigo da Europa a dizerem: “Que assombro!”
Hoje, inspirado pelos amigos invisíveis celtas, deixo registrado aqui nesses escritos o “terno assombro” que sinto ao meditar na PRESENÇA que está em tudo.
E lembro-me dos ensinamentos herméticos inspirados no sábio estelar Hermes Trismegisto, que dizia no antigo Egito: “O TODO está em tudo! O Inefável é invisível aos olhos da carne, mas é visível à inteligência e ao coração”.
O TODO ou A PRESENÇA, tanto faz o nome que se dê.
O que importa mesmo é a grandiosidade de se meditar nisso; essa mesma grandiosidade de pensar nos zilhões de sóis e nas miríades de seres espalhados pela vastidão interdimensional do Multiverso, e de se maravilhar ao se perceber como uma pequena partícula energética consciente e integrante dessa totalidade, e poder dizer de coração: “Caramba, que assombro!” W.Borges 


 

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